Paula Vital, de 24 anos, vende frios, salgados e pão de queijo pela internet
A exemplo de milhões de brasileiros, centenas de chateaubriandenses se aventuram no mercado informal para garantir a renda financeira do fim de mês. Muitos perderam o emprego, foram dispensados por algum tempo, fecharam pequenos negócios ou estão sem uma renda fixa em razão da pandemia do coronavírus.
Na informalidade, há um pouco de tudo. Nada do que não houvesse antes, mas com muito mais volume agora. É possível observar pelas redes sociais, anúncios de venda de produtos diversos, que vão de pão caseiro, doces e bolos, a roupas, calçados e eletrodomésticos. São produtos de fabricação caseira ou objetos comprados para revender, a maioria pela internet, oferecidos com entrega em domicílio, com preços que variam conforme a mercadoria, pela qualidade, dificuldade de se conseguir ou novidade que chama a atenção das pessoas que navegam pela rede mundial de computadores.
O maior número de oferta de produto feito em casa é o pão. Oferecido com ou sem glúten e em variedade, tem de muitos preços, que oscilam entre R$ 7 e R$ 12, onde são anunciados como pão caseiro simples, com queijo, integral, com linhaça, gergelim, girassol, fermento natural, com recheio de goiabada ou torresmo. O freguês pode escolher assado ou na massa crua
Os bolos também são oferecidos em sabores diferentes e os salgados aos milhares, cru ou frito, que vão do pastelzinho até ao famoso “nariz entupido”, o canudo de sal recheado com doce.
Aceita se encomenda em quantidade e para dias determinados, dizem alguns anúncios.
Dentre os mais de 100 anunciantes de produtos pelas redes, nesta semana, selecionamos aleatoriamente Paula Manuella Vital Barros, que oferece em venda, frios e salgados, que pega de fornecedor para revenda. O marido também faz vendas online.
Aos 24 anos, Paula Vital [foto] conta que começou a vender os atuais produtos há dois meses, mas que já havia trabalhado com venda de artesanato, biscoitos e roupas. No momento, ela é estudante de Biologia, no Instituto Federal do Paraná (IFPR) – câmpus de Assis.
Quanto aos negócios, ela informa que tem dia que vende, outro dia que não vende nada. “Há outras pessoas que trabalham para a mesma distribuidora e revendem o mesmo produto, assim como também há outras empresas, mas não considero concorrência, penso que vai ter gostosuras para todo mundo”, exemplifica, contando que está num ramo provisório, devido à oscilação de abertura e reabertura do comércio, mas que vai tentar ficar neste trabalho até quando precisar.
Segundo ela, a situação atual é uma realidade nunca imaginada. “Estou descobrindo mais sobre eu mesma e minha família, como futura bióloga um tanto preocupada, mas com esperanças de dias cheios de saúde para todos. Muitos estudantes passam agora por essa situação, a de ter que pagar contas no começo do mês e buscar aprovação nas escolas e faculdades. É preocupante, sem estudo não há futuro para nação”, prevê a estudante e vendedora.
Sobre os ganhos, ela informa que o trabalho que faz é totalmente on-line e que ganha 15% do valor das vendas que faz. “Para quem tem uma renda baixa ou não tem renda fixa nenhuma, é de grande ajuda. Não custa nada tentar”, aconselha Paula Manuella. Ela também trabalha com o marketing digital da AniMed Clínica Veterinária, oportunidade dada pelo médico veterinário Reinaldo Augusto Sábio.
Preciso de manicure
Se há bastante oferta de produtos, por outro lado está faltando manicure que atende em casa. É o que se observa nas páginas de classificados das redes sociais, onde a procura é maior que a oferta. A pesquisa para essa reportagem contou 22 anúncios de pessoas procurando uma profissional para “fazer” as unhas em casa, contra apenas três anúncios de profissionais manicures oferecendo serviços em domicílio. De três anúncios em que ligamos para os números anunciados, apenas um atendeu, na terceira tentativa.
Nas cinco páginas com os maiores números de seguidores, percebe-se a procura por reclames solicitando manicures e pedicures das mais variadas formas, onde a pergunta é o mais comum: alguma pedicure que atende em casa?
A profissional que falou à reportagem prefere não se identificar, mas disse que há certo receio em atender nas casas, pelo risco de contaminação e pelo medo de ser repreendida pela fiscalização, já que está proibido esse tipo de serviço, onde há multa para o flagrante.