Em novo livro, Emildo Coutinho fala da infância e adolescência em Assis Chateaubriand

By 15 de maio de 2020 Reportagens
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Autor também aborda o jornalismo, a formação acadêmica e o processo da escrita

Assis Chateaubriand está presente no novo livro de Emildo Coutinho, jornalista e escritor que morou na cidade durante sua infância e adolescência. Segundo ele, há várias formas de se falar de Jamais Serás um Dhimas Draumann, trata-se de “obra de uma vida”. São quatrocentas páginas nas quais Coutinho discorre, sem ordem cronológica, sobre sua infância, adolescência, os quatro anos de formação acadêmica em Ponta Grossa e nas mais de duas décadas e meia em que atuou como jornalista em Curitiba e em Washington D.C., capital dos Estados Unidos.

Trata-se de um romance, no estilo autoficção, quando o autor fala de sua vida, experiência, porém misturando acontecimentos reais com ficção, seguindo o gênero romance. Para isso, Emildo Coutinho usa dos pseudônimos irônicos, porém totalmente reconhecíveis, para dar uma pincelada de irreverência ao tom nostálgico da narrativa.

Seguindo o conselho do escritor russo Leon Tostói, que afirmou “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia” o jornalista fala não somente de Assis Chateaubriand, mas também da Vila Nice, onde passou os primeiros meses ao chegar à região, vindo com sua família de Lobato, hoje considerada região metropolitana de Maringá.

Em uma parte do livro, quando já morava nos Estados Unidos, diz:

“Quando me deparei com o The Beltsville News, pela primeira vez, por volta de junho ou julho de 2000, vi todos aqueles textos devidamente assinados, cujos nomes eram precedidos pela preposição by, perguntei a mim mesmo se, oxalá, algum dia meu inglês estaria apto a isso; ou, ainda, se porventura, algum dia encontraria tal oportunidade.

E ela veio.

Não sem algum tipo de dor, de preconceito, de humilhação.

Oras, por que em terra estrangeira seria diferente? Depois de alguns meses praticando o inglês diariamente, ouvindo rádio a cada entrega de pizza em meu carro, resolvi arriscar e escrevi um texto para o jornal.

Enviei via e-mail, para o editor, Ted Ladd, pedindo para que lesse e revisasse. Fiz um tanto quanto da mesma forma que, quando adolescente, entregava no jornal A Região, em Assis Chateaubriand, os poemas e textos que, descarada e ingenuamente, plagiava.

Entregava e praticamente saía correndo; às vezes pedia para alguém entregar; a vergonha não era porque plagiava, mesmo se os tivessem escrito, como, algumas vezes, algumas linhas, o fazia, também teria vergonha.

No fundo, até hoje penso, escrever é vergonhoso, é humilhante.

A escrita e o Jornalismo parecem realmente ser meu carma. Talvez seja algo de berço, místico, entende? Nasci no Dia Nacional do Livro, em uma pequena cidade chamada Lobato, de Monteiro Lobato, e cresci em outra chamada Assis Chateaubriand, nome do grande jornalista. Nessa última, geralmente no dia seguinte, após a patética entrega de meus textos no jornal local, eles apareciam publicados, assinados por José Renato Ribeiro.

Orgulho! Contentamento!

Como era bom ver meu nome grafado logo após o texto, impresso naquele papel amarelado. Recortava cada um deles, me esquecendo que se tratava de cópia, de mistura de textos extraídos de músicas, poemas e romances”.

Outra passagem do romance é sobre um livro criado por uma professora no final do ensino médio na escola Polivalente, Emildo Coutinho publicou dois textos e um deles foi uma poesia que venceu o 1º Concurso de Prosa e Poesia de Assis Chateaubriand, em 1987, com o objetivo de falar sobre a cidade e sua história.

Ele escreveu:

AS TERRAS DA MÃE DE DEUS

I

Terra escura e fértil

Boa e abençoada

Como a Terra Prometida

II

Nestas terras brasileiras

Correm leite e mel

Aqui o verde é mais verde

As sombras das árvores

No chão são maiores

III

As plantações formam um

elo com o horizonte

O horizonte que parece sem fim

As terras da mãe de Deus

Possuem um toque divino

Uma certa magia

IV

A história dessas terras

Está espalhada pelos campos

Pelos rios e bosques…

V

A história dessas terras

está na lembrança dos que

aqui pisaram primeiro…

VI

Agora

Tiramos a história do chão

No presente

construiremos o passado

A questão da aldeia

“Essa questão da aldeia, para mim, é muito louca”, diz Emildo Coutinho, “meus pais não moram mais em Assis e não consigo dizer que sou daqui, em Lobato nasci e morei apenas por três anos, alguns meses em Curitiba antes dos quatro em Ponta Grossa, depois mais oito em Curitiba e cinco nos Estados Unidos, quando voltei ao Brasil, voltei a Curitiba e hoje me considero de lá, pois é onde eu mais residi, minha esposa é curitibana e é onde meus filhos nasceram; então digo que sou de Curitiba”.

Todavia, o jornalista não nega a importância que Assis Chateaubriand tem em sua existência. “Morei em Assis um período importante de minha vida e foi quando comecei a escrever, sem falar na tragédia que se abateu sobre minha família, com meu sobrinho, Elder Franzoi Coutinho, que nasceu aqui, morou em várias parte do Brasil jogando vôlei, e voltou a residir em Assis, como secretário de esporte, para aqui ser barbaramente assassinado”.

“Outra coincidência interessante é que o livro faz parte de minha dissertação de mestrado, junto à UTFPR, e meu orientador, Marcelo Fernando de Lima, fez sua pesquisa de mestrado sobre o poeta e juiz Sérgio Sossella, que também morou em Assis Chateaubriand, durante um período de sua vida. Fiquei sabendo disso quando já estava no programa do mestrado”, diz ele. “Para mim tais coincidências são muito interessantes. Me lembro que, quando criança, peguei uma revista da cidade em que havia um poema de Sérgio Sossella e a forma da escrita chamou muito minha atenção. Por ser juiz, ele morou pouco tempo em Assis Chateaubriand, logo foi transferido novamente, mas ficou esse momento na memória”.

No romance que acabou de publicar, Emildo Coutinho fala sobre o jornalista José Renato Ribeiro que, a partir de notícia sobre o ministro Dhimas Draumann, que abandonara a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, em plena crise política do Governo Federal em 2015, lembra de toda sua trajetória profissional nos jornais e empresas de comunicação em Curitiba, uma breve passagem por Assis Chateaubriand, na Rádio Jornal, já formado, e em Washington D.C., nos Estados Unidos. “Além da oportunidade de escrever em inglês, vivi o drama do 11 de setembro; morava a quarenta minutos do Pentágono, que também foi atingido por um dos aviões”, recorda o autor.

Ainda sem previsão de lançamento físico, devido à quarentena da Covid-19, por enquanto, o livro está disponível no site da editora Agbook, clicando aqui.

Fonte: Assessoria de imprensa

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